sábado, 19 de junho de 2010

Multiplicando segundos


 O que é um segundo de paz num mundo de corações apressados? Para alguns um prêmio, para outros quase nada. Onde estará este segundo? No cigarro, após o apice do estresse? Talvez nas cenas de algum filme comovente, difícil determinar, trata-se apenas de um segundo. Um leve deslizar do ponteiro no relógio, um degrau a mais na escada do tempo. O que pode ser capaz de tornar um segundo tão único? Sei apenas que essas são questões extremamente subjetivas para possuirem somente uma resposta.
 Às vezes cismo de perseguir este segundo, multiplicá-lo e distribuí-lo pelos dias, contudo muitas vezes isto parece ser uma operação exata demais para se aplicar à vida. Pergunto-me então se meu coração está confuso ou se possui pressa? Agora, sim o texto está repleto de perguntas, mas não há uma que eu possa responder! O que me consola é que venho aqui realmente para trazer perguntas. Já, que o desafio da vida está em multiplicar efêmeros instantes de paz, por que vivemos tão apressados?

 " A pressa é inimiga da perfeição"

 Como já dizia o velho ditado, ops...Melhor dizendo o decrépito ditado, afinal, sabedoria é algo que já não nos diz nada. Para se alcançar à sabedoria é preciso tempo e tempo é igual a dinheiro. Mas, será mesmo a pressa inimiga da perfeição? Atualmente, cientistas de todos os cantos correm para alcançar a perfeição, a cura para todas as doenças, a salvação do planeta ( que deteríoramos ), a imortalidade. Não creio que essa perfeição seja possível. Contudo acredito que tanta pressa não seja necessária, tanta cobiça, tanto medo, tanto acumulo. Não precisamos multiplicar nossos bens, há tantos sem nada. Não precisamos comprar àquela marca do comercial, não precisamos gastar horas de lazer com tantas preocupações. É preciso calma, é preciso viver os segundos, multiplicar segundos de paz. Desejo um ótimo resultado para todos vocês!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Religião vs arte


 Outro dia assisti a um programa de tv chamado Sagrado, neste programa em cada apresentação, diversos temas como liberdade de expressão, moral, violência urbana, são abordados através da ótica de diferentes religiões. Neste dia em que assisti ao programa, o que me atraiu a atenção foi à discussão da relação existente entre a religião e a arte. Entretanto, achei meio ilusórias as ideias expressas no programa, que defendeu que arte e religião possuem cada uma o seu espaço. Nos dias de hoje, é isso mesmo que ocorre? O que costumo ver é a religião tentar impor os seus valores a arte. Após, tanta repressão a arte acaba distanciando-se da sua principal característica, a de ser livre e representar os valores do homem em sua totalidade.
 É fato que arte e religião de certa forma sempre tiveram ligações, isto ocorre nos mais diversos povos. Um exemplo disso é o que ocorre com algumas tribos indígenas que pintam os seus corpos para celebrarem os seus rituais. Continuando a minha observação através de um viés histórico, noto até que religião e arte viveram momentos de igual ou maior conflito do que o presente nos dias de hoje. Como no caso do conflito existente no período barroco, onde muitos homens ainda estavam divididos entre os valores de Deus e os seus próprios.
No meu caso, senti na pele essa questão da religião oprimindo a arte e anulando a liberdade de expressão. Sou artista e gosto de abordar temas como amor carnal, política, crise existencial e etc. Tudo isso às vezes com uma certa dose de goticismo, estilo que admiro. Há algum tempo atrás, eu frequentava a uma igreja evangélica e me espantava ao notar que o pastor aconselhava os fieis a não ver certos filmes, ou ler certos livros por irem contra a doutrina. Mas, onde fica o livre arbítrio e a capacidade de discernimento de cada um? Bem, fatos como esse e outros preconceitos fizeram com que eu me afastasse, mas também havia o medo de ter que restringir a minha arte para ser um bom fiel, transmitir apenas mensagens cristãs. Enfim, creio que a religião ainda interfere na arte, mas anseio pelo dia em que elas realmente possam ter uma convivência harmoniosa.