sábado, 28 de agosto de 2010

Desprezados




“O poeta é um destinado do sofrimento. Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza”.

“Sou completamente louco, mas um louco consciente”.

“Eu gosto dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam desejo, dos que ardem”.

Libertos do mundo, vilipendiados, doentes, repudiados. Porquê será que a sociedade rejeita tantos os loucos? Será que é devido ao medo de serem eles os portadores da verdade? Galileu foi chamado de louco, entretanto, estava certo. Einstein foi chamado de louco, todos os grandes nomes desta terra foram chamados de loucos. E mesmo após tantas confirmações a respeito de uma insanidade construtiva a sociedade continua a desprezar o diferente. Fato é que todos os grandes pensadores são homens à frente de seu tempo, talvez por isso seja difícil cobrar que a sociedade os entenda.
Porém, está máquina de intrigas que é a sociedade não rejeita apenas os classificados como loucos, rejeita também os seus enfermos, os portadores de necessidades especiais e etc. Parece que é preferível ignorar a dor dos que sofrem e buscar distração em qualquer coisa, ignoramos as doenças, a morte e etc. Mas, mesmo assim ele um dia chegará para todos. Já notaram que as arquibancadas dos estádios de futebol estão sempre cheias, fazem filas quilométricas para comprar os ingressos, mas não existem essas mesmas filas para se prestar algum serviço comunitário. Muitos chegam até a deixar os seus entes queridos sem visitas em um leito de hospital, mas talvez essas mesmas pessoas não esqueçam de assistir a um jogo da final!
A verdade é que vamos acostumando, vamos acostumando a ver os jovens talentos se apagarem por falta de investimento. Afinal, já há tantos jovens deslocados! Que diferença faria um a mais ou menos? É sempre melhor julgar um promissor talento como louco, doente. É sempre melhor crer que o jovem malabarista do sinal não passa de um pivete.
Sim, eu sou mais um louco, uma alma carente que não encontrou o seu espaço. Sou apenas um jovem escritor, pobre poeta que precisa se acostumar a ver a sua arte tornar-se sinônimo de vagabundagem. Sou apenas mais um ignorado entre tantos, e quem sabe eu esteja realmente ficando doente. Tudo bem, “sou meio triste e acho graça, tem tanta gente triste que disfarça”. Que chato, só não queria ver meus versos se perderem tão tristes!

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Necessidades ou vícios?



“Preciso de oxigênio, preciso ter amigos, preciso de dinheiro, preciso de carinho”.

“Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor”.

Com certeza entre vocês alguém já parou para pensar no limite existente entre necessidade e vício. Afinal, qual é o indicador que nos alerta quais são as coisas que realmente necessitamos fazer e quais são aquelas que nos viciamos a fazer? Seria simples tirar como base para esta questão as necessidades vitais do ser humano, beber água, comer, ir ao banheiro, amar...Porém, até a satisfação dessas necessidades envolve outros fatores; como trabalho, estresse decorrente do trabalho, sorte no jogo do amor e etc.

Para alguns uma cerveja após o trabalho faz-se necessária para aliviar o estresse, já outros bebem para aliviar o sofrimento de não possuir um emprego ou um amor. Mas, a pergunta é até que ponto um hábito como esse pode ser classificado como necessidade, quando se torna um vício? Creio que a resposta não reside na natureza do hábito e nem na sua motivação, mas sim no limite em que ele deixa de ser benéfico para tornar-se destrutivo.

Assunto complicado esse, tão complicado que até para mim é árdua a tarefa de identificar esse limite. Economizando palavras posso dizer que me identifico muito com a primeira citação presente nesta crônica, um trecho da letra meninos e meninas, composta pela Legião urbana. Porém, até mesmo nestas necessidades mais simples me questiono. Será que apenas necessito dessas coisas ou estou viciado nelas. Talvez eu seja um viciado em afeto, em dinheiro...Não quero avaliar isto! A verdade é que sou um ser cheio de necessidades comuns e com alguns vícios que me aliviam o estresse. Preciso escrever, preciso de uma cerveja, amar, arrumar o quarto. Não consigo ver, claramente, a diferença entre essas atividades, no entanto elas me fazem bem, me mantém vivo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A violência do amor.



“Falamos juntos o que não devia nunca ser dito por ninguém”.

“Você empresta e cobra mais tarde com juros, você chora e fede como todo mundo”.

Creio que ao menos um de vocês já deve ter notado que por praxe ou (esperança) iniciamos sempre um relacionamento com as melhores intenções, entregamos ao outro o melhor de nós, talvez até ocultando um pouco a nossa face negra. E ao decorrer da relação, geralmente, nos esforçamos para mantê-la, superando as piores adversidades exercitamos nossa compreensão e às vezes fingimos até descobrir o perdão. Sendo assim, o que motiva as palavras tão duras ditas ao término de uma relação? O que justifica essa violência do amor? Não sei, isso tudo apenas me conduz a pensar que se for o amor um presente divino, essa reação violenta que durante as brigas e principalmente após o término se revela só pode ser o um indício do nosso primitivo anseio bestial. Sim, são nesses momentos que regredimos ao estado de feras, é quando nos arrependemos de tanta entrega, é quando o mais importante deixa de ser a história vivida e passa a ser somente sair com o ego bem nutrido. Somos feras competitivas!

Bem, eu mesmo posso dizer que já recebi alguns tapas na cara, “paguei as minhas dividas, tive a minha parte de terra chutado no rosto”. Porém, não deixo de tentar me libertar dessa herança animal e procuro sempre não me iludir com a falsa sensação de vitória que traz essa competição. Penso que todos sabemos vencer, então se faz necessário apenas aprender a perder também. A cada dia torna-se mais claro para mim que não existe vitória diante da humilhação alheia. Mas, ao mesmo tempo confesso ser incomodo ser derrotado. Violência do amor, que termo estranho! Pois é, é preciso calma!