“A gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência”.
“Será que o trem é que passou, ou passou quem fica na estação?”.
Será que somos uma estação sempre a espera de um trem? Talvez a vida seja uma estação lotada e os usuários dela sejam as pessoas que nos envolvemos e partem a seguir, ou pegam o mesmo trem conosco e nos acompanham por parte do trajeto. A espera pelo trem também se assemelha à ânsia que todos possuem pela realização dos seus desejos. Mas, a vida é tão arteira que pode acompanhar, furtiva, cada detalhe não mencionado na metáfora acima. Às vezes é o trem que se atrasa e ficamos impacientes com a espera, às vezes somos nós que nos atrasamos e perdemos o trem, então ficamos estressados com o nosso desleixo e começamos a nos martirizar. E se fosse um ônibus? Certamente, discutiríamos com o motorista, o culparíamos por não ter percebido a freada do carro à frente, ou culparíamos o governo pela falta de políticas públicas para redução de engarrafamentos.
Da janela da condução as árvores correm, mas estão sempre paradas, pacientemente, cumprindo o seu dever. Danem-se as leis e considerações da física...Por que não temos a mesma paciência que as árvores? Sei que este é apenas um comparativo absurdo e impossível, afinal, o mundo nos manda correr. Mesmo assim invejo a árvore por morrer de pé! Mas, que maldito mundo é esse que nos manda correr? O que ele de fato quer de nós? Será justo o que preço que ele cobra? O mundo está sempre nos colocando a ajustar os nossos despertadores (despertadores que compramos com dinheiro, dinheiro que recebemos em troca da doação do nosso tempo de vida) para não perdemos o trem? E no dia em que o despertador quebra e perdermos o trem...Será que o mundo nos oferecerá um julgamento honesto? Quase sempre não, a maioria dos julgamentos que vejo se baseia no $ e tempo é $.
Tantas palavras, após tantas dores compartilhadas...Como ter paciência? Será uma questão de meditação, autocontrole? Não sei, faz algum tempo que estou parado numa mesma estação, desejando o que tempo não muda e o que o vento não leva. Detesto ser estação, queria mesmo ser a paisagem que corre vista da janela da condução. Mas, é preciso ter paciência, crescer e se acostumar com as perdas, com as coisas que nos impõem. É preciso crer no amanhã. É preciso ter paciência, afinal, a vida é tão rara!