domingo, 31 de outubro de 2010

Relações por interesse.


Alguém já se deparou com aquela pessoa simpática que se aproxima e faz elogios ao seu sorriso e após conseguir o que quer te lança no baú do esquecimento? São assassinos de sorrisos? Não, trata-se apenas do fato de que todas as relações humanas são baseadas no interesse! Parece absurdo, mas é a plena verdade, os seres humanos só se aproximam uns dos outros por interesse. Entretanto, nem sempre o que cobiçamos no outro é algo extremamente valioso, nem sempre o interesse é financeiro... Às vezes é apenas uma palavra, ou quem sabe o ouvido... Talvez isso não represente o ápice do egoísmo humano, mas por que abandonar a pessoa antes desejada após se extrair o objeto desejado? Essa atitude é definitivamente cruel, talvez fosse melhor dar algo em troca... Não sei. Entretanto, observo atitudes cotidianas que às vezes tomamos apenas por interesse... Como quando somos simpáticos com o atendente da padaria, puxamos conversa mesmo com pressa apenas para continuarmos sendo bem atendidos. Outra dessas atitudes clássicas é quando uma pessoa engana a outra jurando amor apenas para conseguir sexo ou usufruir bens materiais.
O filosofo alemão Nietzsche defendia que o homem não ama ninguém, não é um ser capaz de amar o outro. Segundo ele, amamos apenas as sensações que outro nos provoca. Será verdade, será que amamos apenas o bem que as pessoas podem nos dar? Não sei, espero que não. Porém, observo muitas pessoas que agem como sanguessugas, elas apenas sugam o que querem e no final abandonam o outro praticamente morto E quase sempre esses indivíduos usam dos piores artifícios para conseguirem o que querem, mentem, manipulam, representam personagens e etc. Será que todos usam máscaras? Talvez essa crônica seja um protesto contra esse tipo de pessoas, se as relações humanas são baseadas em interesses sórdidos não sei, todavia espero que não sejam baseadas na arte do furto, ou como em muitos casos arte do assalto!

sábado, 23 de outubro de 2010

O que é imperdoável?


Que espécie de arma pode ser tão letal a ponto de deixar feridas incuráveis? Será a atitude imperdoável como a cicatriz provocada por um corte de navalha? O que é de fato imperdoável? Será que realmente existe esse termo, será que o ato de conceder perdão está diretamente ligado à gravidade da falha da qual se é vítima? Questões complicadas essas, mas às vezes parece que a capacidade de perdoar é um dom, e depende apenas da nobreza de coração.
Numa rápida citação a uma religião, Jesus quando questionado em relação ao perdão disse que é preciso perdoar setenta vezes sete, ou seja, incontáveis vezes. Mas, quem de nós pode se comparar a um homem realmente puro de coração? Um homem tão puro que além de possuir a capacidade de perdoar qualquer agressão também era convicto de que todo coração infrator pode ser recuperado. Enfim, foi apenas um exemplo. Afinal, é sempre bom espelhar-se nas reais boas atitudes, independente do homem que as toma.
Será necessário um pedido de perdão para que o perdão seja concedido? Será que o ato de não perdoar é algo nocivo ao coração, já que normalmente este ato se torna um alimento para as mágoas? Será preciso após o perdão reatar o mesmo vinculo de antes com aquele que perdoamos? Parece-me que um grande empecilho para o ato de perdoar é a dúvida... “Será que voltarei a sofrer com o mesmo erro dessa pessoa?”. Bem, talvez só seja possível perdoar e em seguida reatar os laços com a pessoa caso essa se demonstre arrependida. Bem, caro leitor, independente da forma de perdoa que se pode oferecer àquele que nos fere, perdoe... Perdoe para ficar em paz consigo mesmo! Perdoe para que o mundo se torne um lugar mais leve, um lugar diferente desse antro de mágoas que vemos hoje.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carrasco do eu!


"Life won't wait for you, my friend".
Life won,t wait / Ozzy Osbourne/ video

Tradução da letra Life won´t wait ( A vida não vai esperar ) e audio.

Quem é aquele que executa a cruel sentença, aquele que nos apresenta a sola dos nossos pés? Diante dele tudo é azedo e toda tarde é sempre madrugada, é sempre tudo distorção, desespero e falta de ar. Quem é aquele que nos algema e nos dá o tratamento digno do pior assassino? Diante do espelho, esbarramos com ele e o nomeamos reflexo! Sim, geralmente o eu é o pior carrasco do eu, somos os nossos piores inimigos e possuímos o péssimo hábito de podarmos os nossos planos como se fossemos uma árvore. Evidente que fatores (problemas) externos precisam ser levados em conta, mas não será uma escolha própria a intensidade com que se deve se abater com eles?
Carrascos do eu são as palavras ditas, a reclamação cotidiana, a preferência por pensamentos pessimistas, ou talvez seja melhor dizer no cultivo de pensamentos pessimistas?  Afinal, por que não afastá-los quando eles vêm à mente? Será realmente necessário cultivá-los, será saudável? Creio que não! Carrascos do eu são o medo do erro e também a falta de tentativa, já que o perdedor não é somente aquele que falha, mas também aquele que desiste. Palavras tolas essas? Sabedoria popular, talvez sim... Porém é importante ressaltar que nada do que possa ser dito aqui será um “lugar comum” tão idiota como o velho potencial humano de se auto flagelar. E por que fazemos isso?
São inúmeras as razões para alimentarmos o carrasco do eu, talvez façamos isso por reconhecê-lo como maior e mais forte, talvez seja somente pelo fato de estarmos acuados demais. Mas, é possível estar fraco e ao mesmo tempo ser forte para se auto sentenciar? Fato paradoxal esse, não? Bem, às vezes eu sou um carrasco de mim... Quem não assume essa postura às vezes? Mas, eu cansei de ser, me reconheço melhor e vejo que já passou o tempo de me punir. Talvez a única forma de exterminar o carrasco do eu seja se reconhecendo melhor, tarefa complicada para quem está dentro de uma crise. Entretanto, não podemos virar reféns de nós mesmos, por maiores que sejam as culpas, mesmo que sejam imensos os empecilhos, mesmo que o medo seja como um vendaval. Não é bom abandonar-se. Não é bom aceitar a cegueira do desespero, não é bom estar cego no ápice da guerra. É preciso vencer a batalha!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Estrada do tempo.


“O que espero da vida, o que quero na minha vida? Bom tempo, muito tempo”.

“O tempo não para, não para não, não para”.


Tempo... Faminto, caro, desnutrido, vago, atleta, paraplégico!... De inúmeras formas nos aborrece o desenrolar do tempo, às vezes ele é pleno e se esvai tão depressa em nossas mãos que chega a ser cruel... Sem dizer adeus, um instante e já foi, ficam apenas as lembranças. É, quem sabe são elas... Talvez as boas lembranças sejam um pedido de desculpas do tempo! Já, em outras vezes o tempo é simplesmente carrasco, nos coloca a aguardar em uma dessas salas de espera da vida e passa lento demais, trôpego. Que mensagem quer ele passar nesses momentos, será que há alguma a ser transmitida?
Tempo, quanto tempo? Essa é apenas mais uma das questões que esse enigmático senhor nos oferece. Pois é, não sabemos. E o pequeno grupo que sabe (doentes em fase terminal e etc) não parece lidar bem com essa questão. Mas, já que sequer sabemos quanto tempo temos, qual é a melhor maneira de viver o agora? O tempo é realmente enigmático, um andarilho numa estrada sem fim, um mensageiro sempre a nos alertar que tudo perece. Sim, tudo se finda, as casas que construímos um dia encontram a ruína, as roupas as traças, os romances o término, as amizades o desvio dos rumos... Tudo se finda! A cada dia caminhamos para a inevitável morte, a cada célula que morre, a cada mágoa retida.
O tempo é um rei petulante e de atitudes estranhas, por que decide passar depressa enquanto nos divertimos e devagar quando nos sentimos entrevados? Que ensinamento sobre a vida  alguém pode passar com uma atitude dessas? O tempo é um mar de infinitas águas, é uma linha reta, um aliado de Deus... O tempo não tem piedade, nem mesmo confirma se a vida é eterna. O que quer de nós o tempo? Que deixemos um legado nessa terra? Mas, de que servem as heranças se o tempo as corrói? De que servem as boas mensagens se o tempo as apaga lentamente da lousa da vida. O tempo é soberano, é sobrenatural... Será o nosso tempo o mesmo tempo de Deus? Não sei, parece tudo mesmo um jogo, onde o melhor a se fazer é desafiar o tempo e se tornar imortal. Então caro leitor, boa sorte com o jogo e muito bom tempo para todos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Depressão

Link com informações úteis sobre depressão.

"E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte".

O amargo do café não é nada mais do que amargo, mas e quando a apatia impede que o indivíduo torne a se levantar para buscar o açúcar? As paredes do quarto nem são muralhas intransponíveis, todavia as pernas só reclamam a falta de força. A solidão nem é o melhor refúgio, trata-se apenas de um local mais escuro, e mesmo assim é grande a sede por isolamento. Já a mente, essa sim pode ser considerada uma sobrevivente e mesmo assim alterna entre momentos de resistência e completa inércia, mais uma vez apatia! Quem é ela, qual o nome dela? Diga-me alguém porque não a deixamos se nem mesmo estamos apaixonados!  Chama-se depressão...Especialista através de suas avaliações a nomeiam de diversos outros modos, distimia quando é crônica e persiste sorrateira por vários anos, depressão maior, depressão atípica... São tantos que até se perde a motivação de conhecer mais sobre a indesejável!
A depressão é uma doença, mas ainda é vista por muitos como apenas um sinônimo de tristeza. Porém, embora corrosiva ainda se faz suave por abandonar o triste mais depressa. Parece-me que a solidão é mais sábia e age como um experiente demônio apresentado-nos sempre à culpa, ao somatório das perdas, aos pensamentos de suicídio... Mostra-nos sempre a pior face da moeda.
Depressão após diagnósticada tem cura... Frascos e frascos de comprimidos? Talvez um bom tratamento psicológico. Para alguns sim, já para outros os antidepressivos e os calmantes já não fazem mais efeito. Esses caminham para novas fases, cada vez mais encontram apenas valas maiores para lavar a alma... É o auto flagelo, são os cortes pelo corpo feitos na tentativa de encontrar transferência para as angústias da alma, que de já tão “dopada” nem sabe se sente. Já, nem mesmo reconhece a si com clareza. Será que o tempo torna das pessoas apenas reflexos de suas chagas? Será que a luz no fim do túnel se torna mais distante devido ao abandono pessoal, ou será o abandono pessoal uma característica da nossa sociedade? Sei apenas que é difícil lutar e tomar decisões importantes quando encontramo-nos cansados e confusos. Afinal, de quem é a culpa, nossa, do passado cruel, da genética, dos rumos da humanidade?  Não sei, e infelizmente os números apontam para um futuro onde grande parte da população estará deprimida. Caro leito, pergunte-se apenas porque estamos caminhando para isso. Até logo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ritos de passagem.


" Medo de voltar para casa, medo de sair de casa e encontrar tudo no mesmo lugar".

Crianças correm sem “pressa”, elas correm apenas pelo êxtase de usufruir as novas sensações, adrenalina e velocidade. Que tempo sagrado, sem tantas distinções entre algodão doce, céu e mar. Sim, já fui menino...Ah, faz tempo, melhor dizendo... Já fui moleque, tímido, esperto, travesso... Fazia de árvores robôs, metido a inventor construía imensas naves espaciais e seguia viagem. A infância é mesmo um parque, um divertido e desprotegido parque, lugar santo que carece de cuidados.
 Porém, em dado momento o combustível da nave acaba e caímos num estranho mundo novo, mundo de possibilidades, um obscuro mundo, repleto de ansiedade e medo. Bem vindo, à adolescência! Destaque-se e tenha coragem, diferencie-se, está é a terra dos combates, da busca por espaço no mundo. Mas, para que tanta guerra se um pouco mais tarde descobre-se que o “diferente” também é ser “normal”. Mas, isso é reflexão futura! Ah, o primeiro beijo, o primeiro toque, mesmo que seja imagético que seja mais uma varredura de olhares do que um toque. Nessa fase menos lúdica, alguns são levados por revoltas outros por reflexões. Até que revolta e reflexão enchem o saco. Mas, isso é reflexão futura rs! Cabem mais a essa fase as perguntas internas. Será que serei aceito? O que farei no futuro? Que coisa injusta, confiar o futuro nas mãos de um indivíduo em fase tempestuosa. Mas, até mesmo as tempestades se acalmam, ou ao menos mudam com os ventos...
Bem vindo à juventude! Confesso que está ficando complicado prosseguir com o tema. Talvez seja melhor eu me esconder? Manter o texto mais na 3° pessoa, rs? Foda-se, às vezes ainda sinto-me um adolescente, embora não precise mais de tanta auto afirmação. Embora já me sinta um pouco mais lento para determinadas caçadas. Mas, ao mesmo tempo sinto-me atrasado para outras. Juventude... Merda de fase de promessas, de expectativas, ânsia por um tempo bom. O tempo vai ficando curto e a pessoa deve se perguntar menos, ela deve se decidir mais rápido. Não há tempo para indagações, é preciso agir!
Agora, salta na minha cabeça o medo da morte, será que isso deve ser reflexão futura? Agora me cobro de deixar sementes, e por isso me apresso... Corro com as atitudes e com as palavras! Outro dia eu sonhei com a infância, foi tão injusto... Que sonho perfeito, puro e desonesto com o momento atual, rs. Também ainda me sinto criança, acho que todo menino é meio poeta. Eu ainda construo minhas naves...  Estou menos temeroso que um adolescente, mas ainda me falta à sabedoria de um idoso. Desculpe-me leitor, tenho vinte e cinco anos e por basear meus relatos em experiências vividas não irei prosseguir a partir daqui. Que venham as viagens futuras!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Solidão


“Viver é bom, nas curvas da estrada, solidão que nada”.

“As cortinas transparentes não revelam o que é solitude, o que é solidão...”.

“Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me caí bem”.
 
É sempre ela, indesejável, a bater periodicamente na porta. É sempre ela que invade as noites e sussurra pensamentos insanos nos ouvidos frágeis, engrandece nossos receios, exalta o que somos e a seguir nos lança em abismos intermináveis. Nos apresenta os vales do eu, caminhos ocultos da mente, espinhos em formato de amarguras do passado, raízes de medo que nos negam o futuro. Quem já não esteve sozinho, talvez até mesmo desamparado? A solidão é mais uma dessas palavras que dispensa consultas ao dicionário, estar sozinho é sentir-se só... É estar isolado da presença dos outros, mas ao mesmo tempo é estar ilhado em meio aos outros. Essa dualidade seria cômica se não fosse trágica... Sim, trágica, porque a solidão nos devora lentamente. Ela é tão cruel como uma esposa maldita, capaz de dormir conosco, acordar conosco e presenciar nossos mais frágeis momentos sem a menor piedade. Contudo, será possível estar sozinho é sentir-se pleno?  Bem, esse estado tem nome e chama-se solitude. Representa estar sozinho, mas sentir-se em paz, ou num instante de reflexão pura, sem dor. Mas, como alcançar esse estágio, melhor como vivê-lo com mais frequência em um mundo em que desamparar se tornou moda?
 Caro leitor, eu que falo tanto às vezes sinto-me pesado por trazer mais perguntas que respostas, mas talvez as verdades inteiras nem existam mesmo. A sua provavelmente pode não ser a minha. Escrevo porque me sinto só, o mundo é um mar de gente, um mar de águas turvas e estou ilhado. Isolado tentando enviar correspondências, tentando entender o porque sinto tanto frio e fome. Talvez eu seja diferente e por isso não me dão espaço, afinal, recusam tantas coisas, tantos fatos claros... Bem, pulando fora das minhas metáforas tenho uns amigos e sou grato por tê-los, mas também estão ilhados, estão taciturnos e ao contrário do poema de Drummond (Link poema Mãos dadas) já não nutrem grandes esperanças. São persistentes, mas estão cansados.
 Como vencer a solidão, como sair da ilha? O que representa a sua ilha? Voltando a questão das respostas, essas somente vocês podem encontrar, caros leitores. As minhas rs... Sou apenas um filósofo louco, sem teses e nem métodos...Minha mente é uma quebra cabeça de verdades, são tantas peças. Tantas “verdades” que se opõem, que fica difícil me achar... Estou sozinho, em relação ao amor se possuo alvos, já perdi os dardos. Estou sozinho, sozinho enlouqueço, sozinho produzo minhas jóias raras. Então, talvez a solitude não seja um estágio tão complicado de se alcançar. Boa sorte a todos, desejo que ao lerem este texto ao menos se sintam menos sozinhos.
Tradução La solitudine e audio.