domingo, 5 de dezembro de 2010

Abandono



A margem, após ser deixado de lado muitas vezes o que resta é só observar o fluxo de água na correnteza do rio.  São olhos opacos esses que assistem ao brilho da vida ir embora! O que fazer após considerar-se traído? Qual é o amargo no paladar daquele que se doa por completo e em troca recebe apenas ingratidão?
Será o ódio o fruto do sentimento de rejeição? Afinal, quase sempre aquele que a princípio zela pelo bem termina cultivando o mal após ser desprezado. Todavia, a questão é como se manter distante dessa inclinação humana? Talvez essa seja a tarefa mais difícil de ser cumprida por um homem, já que nascemos num mundo de incertezas e tudo o que mais cultivamos nessa terra é o abandono. Somos guiados por um sistema que só tem a oferecer falsas promessas, liberdade vigiada. Quase sempre o mundo nos cobra muito mais do que pode nos dar. Desde jovem o cidadão moderno precisa lidar com imensas pressões sociais, existem mil requisitos para ser cumprir para conquistar o status de cidadão modelo. E qual é o modelo dos dias atuais? Talvez seja aquele que será substituído no comercial do mês seguinte! Talvez seja o ser que ignora os seus próprios desejos para se adequar aos padrões.
O abandono é o novo carpete persa, nele estão todas as cores da próxima estação. Ele é o reflexo de toda a nossa falta de vontade, de todo o nosso descaso social. Decoramos nossa sala de estar com ele sempre que estamos com preguiça de limpar a poeira. Devido a isso seguimos sujos, nos esquecemos do significado da palavra retribuição. Ignoramos todos os mais sinceros votos de fraternidade, nos esquecemos até de viver como nação!