quarta-feira, 8 de junho de 2011

Criaturas urbanas.

 
Criaturas urbanas elegem os seus bares, criaturas urbanas embriagam-se à noite e perambulam pelas ruas, sentam-se nas praças. E o vagar é lento, quase se arrasta... Criaturas urbanas sempre tão perseguidas, até os outdoors as seguem, e elas sentem medo de tudo, seus piores pavores no vazio florescem. Será que estão compradas? Que prazeres procuram quando fixam seus olhos nas vitrines dos centros? Que urgência as convoca quando apresentam o cômico espetáculo de desafiar o semáforo?
 Criaturas urbanas são selvagens refinados, carregam sempre um, por favor, encenado, obrigado e, finalmente, OBRIGADO. Mas, o riso segue sempre frouxo, suas garrafas vazias, seu peito vazio... Calado ou amordaçado? São artistas circenses ou apenas animais explorados e por fim enjaulados?
 Criaturas urbanas fazem das ruas passarelas e exibem seus brincos, piercings, vestidos, sapatos e cabelos multicoloridos. É fato que em meio ao cinza quase tudo se destaca! Que motivação sombria induz estes selvagens refinados a se segregarem e muitas vezes até a se confrontarem?
 Todavia, são criaturas valentes, cavaleiros de cruzadas solitárias, seja no conforto do carro seja no aperto da condução. São os simples operários de fábricas gigantes, famintos funcionários de grandes supermercados. São servos acorrentados, são ricos empresários confinados nos números. Coitados, vivem sempre oprimidos! Será a fumaça que aflige? Será o eterno nublado dos arranhásseis? Por que não sair da corrida? Por que não retirar a máscara e esquecer a vida de atormentada criatura? Por que não deixar a cidade? Por que não trocar a paisagem, ou ao menos melhorar a paisagem? Cadê a lata de spray? Onde estão os poetas marginais? Cadê o teu malabares?




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