quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Coisas da idade!?





Ao chegar o dia os velhos elefantes caminham resignados em direção ao cemitério, sim eles sabem que mais valida é a “morte honrosa”.  É preciso aceitá-la, são coisas da idade! Por rumos diferentes segue o homem, pela manhã correm os meninos agarrados aos seus brinquedos. Naves, bonecos, peões, são as maravilhas de um universo colorido, concedido apenas aos menores.  Já à tarde, menos eufóricos, mas não menos apressados perambulam os jovens de mãos dadas a descoberta da noite, com seus jogos eletrônicos, bebidas e cigarros. E por que não? Afinal, é tempo de festa! Tempo de mostrar o corpo, rir, tempo de se afirmar e caçar o seu par... Meu Deus, quantos tantos prazeres! São benditas as coisas da idade! Todavia, ao cair da noite, o tempo é preciso diminuir o passo, a vida adulta urge por posturas mais sérias.  São coisas da idade? Já não é preciso afirma-se, afinal, é chegada à hora de se estabilizar. Plantar uma árvore? Talvez! Uma casa, um carro novo para o próximo ano? Sim, isso sim! Viva o valor primitivo do povo deficiente! E, novamente, são apenas coisas da idade.  Só Mais alguns passos e pronto, sinal está vermelho! Dizem que há pouco tempo para produzir e inovar! Cuidar dos netos, clube da terceira, plantas, animais de estimação... São coisas da idade! E os elefantes caminham rumo ao cemitério, não são homem e sim elefantes. O que sabem eles das coisas da idade?
Entretanto, o que sabemos nós ao rotular certos comportamentos como simples traços da idade? Que regra maior é esta que nos dita que ao final da infância deve-se parar de correr? Que mal há no adulto que se recuou a abandonar as festas, à noite, os jogos? O que dizer do idoso que se recusou a deixar de trabalhar, recusou-se a deixar de zelar pela vida, pelo corpo? Embora certos comportamentos, frequentemente, sejam mais encontrados em determinadas faixas etárias será realmente possível delimitar que estas atitudes são apenas coisas da idade?
Ao agir de maneira taxativa a sociedade apenas contribui para a produção de homens uniformes, excluindo assim qualquer fato pertinente a liberdade de escolha, ao direto de se eleger gostos.  De fato é necessária a passagem de vários anos, o surgimento e a queda de inúmeras gerações para que preconceitos como estes relativos à idade sejam postos por terra, porém por quanto tempo privaremos nossos idosos da vida? Por quanto os adultos serão sufocados com as cobranças por enraizamento e produtividade?

Ao chegar o dia os velhos elefantes caminham em direção ao cemitério, apenas sentem o término de seus dias e sem pressão determinam quando é preciso trocar o tom. Quando estaremos livres para gerir nossas vidas sem pressão?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O mal do escorpião!

Acuados nos becos, lendo anúncios em sacolas de lixo... O que conduz um indivíduo a resignar-se a viver entre dejetos e ainda assim dar-se por satisfeito? Em que período da vida as almas carentes tornam-se pobres? Melhor dizendo, quem as condiciona a aceitar de bom grado a miséria como única herança? Fato é que nascemos idênticos quanto ao potencial de criação, porém, ora por determinação do meio social, ora por cansaço de perseguir a luz alguns tropeçam pelo caminho. São almas pequeninas, que injustiçadas seguem na vida tendo como esperança de coroação quem sabe apenas uma derradeira promessa divina! E alegram-se aos domingos, seus momentos de prazer limitam-se aos gritos de gol proferidos em meio aos risos, nos bares das esquinas de casa. Sim, são almas adestradas, conformando-se, cegamente, a pior fatia do bolo! Afinal, com sorte levarão escondidos para casa um copo plástico repleto de salgados!
Todavia, o que dizer daqueles que reconhecem o peso do castigo ao qual foram condenados, mas não se libertam dos grilhões da sociedade? São almas fluorescentes, que seguem amarguradas, impedidas de combater as trevas muitas vezes não iluminam nem o próprio caminho! Animais ariscos, seu tormento maior, sua cruz mais pesada? Afinal de contas, em qual coração residirá a maior amargura no do cego que foi privado da luz ou no daquele que jamais a reconheceu?
Há quem diga que o sofrimento dos esclarecidos é o mais devastador de todos, entretanto, ao mesmo tempo há quem defenda que esse sofrimento, geralmente, é a alavanca que aciona as grandes revoluções sociais. Fato é que não quem diga que a melhor maneira de lutar é com as mãos atadas! Sim, saímos em desvantagem! Ainda assim talvez a solução seja a mobilização desses seres em prol de um bem comum, mas como movimentar um povo cansado? Logo, acuadas as feras indomáveis exibem a sua revolta, contudo, cansadas sabotam a si mesmas, como o escorpião por descuido provam do seu próprio veneno.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Viagem à terra do nunca.


Naves espaciais, chuva de meteoros, guerras travadas entre árvores que a imaginação se incumbia de transformar em gigantes robôs. É impossível recordar de um período tão rico como a infância sem citar o universo lúdico que a compunha... Um instante a mais de reflexão e sinto que o texto ficaria incompleto caso eu excluísse as minhas aventuras pela terra do nunca. Sim, enquanto menino jurava que podia visitar a terra do Peter Pan ao abrir o baú da minha antiga cama!

Ah, infância por que precisei me afastar dos teus ingênuos prazeres? Talvez julgasse menos ingrata a vida se o passaporte para inúmeras viagens não fosse o dinheiro, mas sim a fértil imaginação. Afinal, como poderei hoje transformar-me em herói, casar mil vezes sem sofrer as dores da separação? Como poderei adoecer e falecer, mas ainda assim erguer-me dos mortos para reclamar minhas honras por direito?

Infelizmente, essa época áurea passou, entretanto, sempre que me vejo perdido, lutando conta os “dragões” da atualidade eu procuro recordar da minha infância, ora através de um poema de Drummond, ora através de uma quase perdidacanção!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Magrela!




Magrelas, vorazes, tão sedutores são os seus desafios que não obstante nos levam a queda! Ainda assim poucos são os que resistem ao seu charme e loucos são aqueles que lutam contra os seus encantos.  Em suas formas, nas suas curvas um convite à velocidade. De certo até mesmo os mais tímidos já as levaram para dar uma despretensiosa volta... Sim, só uma volta, numa tarde qualquer, tomar um sorvete num banco de praça, contemplar o céu, piscar os olhos agredidos pela luz e ter a certeza que toda a falta de sorte se dissiparia se vivêssemos sempre ao lado delas!

Ah, magrelas, magrelas, magrelas... Econômicas magrelas, tão pouco nos pedem, não mais que uma volta. Sobretudo retribuem-nos com a adrenalina no sangue, na cintilante graça de seu suingue doce de mulata. Contudo, como tu me enerva magrela, se no instante sublime do gozo me cobra uma daquelas freadas. Ainda assim, contrariado obedeço apenas para não perder-te, para não cair em frangalhos chorando tua abrupta partida!

 Magrelas, tão charmosas em suas inúmeras cores, tão travessas a desfilar nas ruas exibindo seus mil adereços. Ah, quem já não amou uma magrela? Se não saibam que deviam todos! Eu mesmo não me separo da minha, confesso-me perdidamente apaixonado... E como damos voltas, tomamos sorvete, conhecemos tantas praças.  Sim, vivo a andar de BICICLETA RS.