domingo, 5 de dezembro de 2010

Abandono



A margem, após ser deixado de lado muitas vezes o que resta é só observar o fluxo de água na correnteza do rio.  São olhos opacos esses que assistem ao brilho da vida ir embora! O que fazer após considerar-se traído? Qual é o amargo no paladar daquele que se doa por completo e em troca recebe apenas ingratidão?
Será o ódio o fruto do sentimento de rejeição? Afinal, quase sempre aquele que a princípio zela pelo bem termina cultivando o mal após ser desprezado. Todavia, a questão é como se manter distante dessa inclinação humana? Talvez essa seja a tarefa mais difícil de ser cumprida por um homem, já que nascemos num mundo de incertezas e tudo o que mais cultivamos nessa terra é o abandono. Somos guiados por um sistema que só tem a oferecer falsas promessas, liberdade vigiada. Quase sempre o mundo nos cobra muito mais do que pode nos dar. Desde jovem o cidadão moderno precisa lidar com imensas pressões sociais, existem mil requisitos para ser cumprir para conquistar o status de cidadão modelo. E qual é o modelo dos dias atuais? Talvez seja aquele que será substituído no comercial do mês seguinte! Talvez seja o ser que ignora os seus próprios desejos para se adequar aos padrões.
O abandono é o novo carpete persa, nele estão todas as cores da próxima estação. Ele é o reflexo de toda a nossa falta de vontade, de todo o nosso descaso social. Decoramos nossa sala de estar com ele sempre que estamos com preguiça de limpar a poeira. Devido a isso seguimos sujos, nos esquecemos do significado da palavra retribuição. Ignoramos todos os mais sinceros votos de fraternidade, nos esquecemos até de viver como nação!


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guera civil no RJ.


25 de novembro de 2010, Vila Cruzeiro, Rio de janeiro.  Tanques de guerra avançam pela comunidade, são recebidos com palmas. A população local louva a iniciativa das tropas da polícia militar que com a ajuda de um grupamento especial da marinha invade o morro. Jornais de todo o país reportam o ocorrido, alguns preferem dar enfoque ao sucesso da operação, outros alardeiam o absurdo número de 30 mortes.  Independente do ponto do vista a cidade está em chamas, aproximadamente 28 veículos foram incendiados na região metropolitana no decorrer do dia e ainda prometem uma madrugada de sangue. E estes números correspondem apenas até este momento em que escrevo.  Outro fato é que todo esse caos originou-se da resposta dos marginais contra as políticas públicas de implantação de UPPS nas favelas. É espantoso observar o caos que esse poder paralelo pode gerar na cidade, realmente precisam ser repreendidos. Entretanto, ficam algumas perguntas no ar... Os marginais serão capturados ou a maior parte permanecerá a solta? Que local será eleito como nova sede desses contraventores? Todas essas perguntas até possuem resposta, ou suposições... Mas, vamos deixar que o tempo e a vontade do poder público nos apresentem as verdadeiras respostas.
Talvez o melhor para a saúde dessa crônica seja questionar a origem disso tudo.  A hipócrita política do governo é limpar a cidade e seus arredores para receber tranquilamente os jogos olímpicos e a copa do mundo. Muito capital está sendo destinado para a realização dessa esplêndida maquiagem na cidade. Enquanto isso, o Rio continua a perecer com a falta de atendimento médico nos postos e hospitais. Ou seja, a população que necessita desses serviços sofre, agoniza e morre. E o absurdo desse fato só serve para virar escândalo nos noticiários de TV. O que falar da educação que continua ficando em segundo plano? Com políticas como essas que tem como prioridade apenas realizar uma maquiagem na cidade e acabam ignorando à saúde e à educação como podemos afirmar que episódios como esse não se repetirão futuramente. Afinal, uma população abandonada, crianças crescendo abanadas ficam mais propicias a se revoltarem no futuro. Será que a melhor atitude que o governo tem a tomar é embalar o berço do futuro caos?
Voltando as indagações que deixei a cabo do tempo, o que acontecerá se os grupos criminosos migrarem para outras regiões do estado do rio? Regiões como a baixada fluminense de destaque turístico quase nulo e menor importância econômica. Irá o governo medir os mesmo esforços para eliminar o crime organizado?
Por fim apenas torço para que as autoridades não continuem mantendo essa postura de maquiar os problemas sociais empurrando o caos para o futuro ou para outras regiões.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Esperança


“É preciso acreditar num novo dia, na nossa grande geração perdida, nos meninos e meninas, nos trevos de quatro folhas. A escuridão é ainda pior que essa luz cinza”.
Se ela não basta o que nos arrasta, se ela se cala o que nos consola? O que fazer quando mesmo ao olhar para frente não há sinais de bom tempo? Será a esperança o único pilar a manter o homem quando tudo que resta é dor e solidão? A verdade é que cultivar a esperança em dias difíceis trata-se de uma grande virtude. Afinal, geralmente, nesses árduos momentos a atitude mais comum é deixa-se cegar pelas brumas do desespero. E quantos metros um homem cego e desesperado pode caminhar sem cair?
Será a esperança um nobre sentimento aliado a questão da? Será que a energia dos bons pensamentos é realmente capaz de influenciar na ordem dos fatos futuros? Sendo assim, estará aquele que não cultiva a esperança, aquele que já não nutre os seus sonhos, estará cavando uma cova sob seus pés? De fato ter esperanças na realização dos próprios sonhos é extremamente necessário para a saúde da longa caminhada que é a vida humana. Entretanto, se faz necessário considerar os truques do destino para que uma simples queda não se transforme em uma avalanche. Outra verdade é que devido ao despreparo para derrota e a estupidez de concentrar todas as forças em um único alvo nos afastamos da sabedoria de compreender que novos sonhos também se constroem no desvio da rota. Sim, é preciso ter esperanças! É preciso acreditar num novo dia, é preciso ter coragem para remar contra a maré e seguir viagem. Assim como também é preciso ter cuidado para não contaminar à esperança com delírios e fúteis anseios.

sábado, 20 de novembro de 2010

Vida virtual?!!?

Cabos de fibra ótica, conexões via wi-fi conduzem as informações que utilizamos no dia a dia, porém atualmente parece que elas desempenham um papel maior que este. A nova tecnologia vem sendo a responsável não apenas por conectar nossos aparelhos eletrônicos a informação, já que agora é através dos cabos e das novas conexões que é conduzida a adrenalina que acelera e aquece os corações humanos. Sim, o mundo virtual a cada dia ganha mais espaço nos lares da população, é com a ajuda dele que muitos soltam as sua melhores gargalhadas. Cada vez mais crescem as estatísticas das pessoas que preferem buscar um “amor” via web a se arriscarem em aventuras palpáveis pelas ruas. Será que o mundo se esqueceu do sabor de se reunir apenas para rir e contar histórias? Será que esquecemos o doce romantismo da noite?

Não é preciso gastar muito tempo para se perceber que ao longo dos anos o homem tornou-se melhor em construir paredes do que pontes. Tornamos-nos reféns do nosso próprio sistema, escravos da nossa violência e incompreensão. Somos prisioneiros da nossa própria segurança, estamos ilhados em nossos quartos e nada nos conecta de fato aos corações vizinhos. O que será do mundo na ausência do toque, na impossibilidade da verdadeira troca de olhares? Talvez a resposta para essa pergunta não se encontre tão distante. Afinal, a nova moda é lotar de fotos os perfis nas redes sociais. O prazer da primeira vista já não se dá através da captação instantânea da retina, mas sim das lentes de alguma câmera digital. A tarefa de modificar a imagem de uma pessoa já não cabe mais ao coração, este trabalho agora é executado por algum editor de imagens.

Não há como negar os avanços e a praticidade que a tecnologia trouxe para a vida de todos, do mesmo modo é inquestionável o fato que ela está mudando a maneira das pessoas se relacionarem. Existem até aqueles que dizem que via web se conhece primeiro as ideias de uma pessoa, todavia o que geralmente se vê nos chats são Nicks esdrúxulos ou aqueles que fazem alusão a status social. Será esse progresso virtual é realmente um sinônimo de evolução? Bem, o fato é que essas novas tendências chegaram para ficar e o alerta é que precisam ser avaliadas. É claro que há relatos de relações sólidas que surgiram através da internet, contudo isso só é possível quando se deixa a autopromoção de lado, quando nos despimos de tanta maquiagem. Outro cuidado que se deve tomar é para que a tecnologia não nos torne frios como as máquinas, nãos nos privem do contato social original.

sábado, 13 de novembro de 2010

Buscas intermináveis.

Após a guerra, a inevitável queda, a eterna luta contra o carrasco do eu. De todas as coisas restam sempre miragens, feridas e vaidades. Se a vida é uma estrada não nos atrasa o transito, apenas flerta conosco o tempo. Se a paciência é a virtude essencial, como tê-la quando nos afoga a solidão? Como tê-la quando tudo o que há é ausência e feridas provocadas pela paixão? Como lidar com o desprezo, com as relações por interesse? Como lidar com tantos males quando tudo que se deseja é apenas trocar o bem?


Sim, é preciso mudar, é preciso fazer boas escolhas! Entretanto, nem sempre é possível seguir invicto se nunca oferecem apoio. Mais do que tudo se faz necessário dominar a arte de pensar, não escravo do mundo, não escravizar e nem mesmo se tornar escravo dos próprios medos. A vida é apenas a luta do agora! Será que há benefício em se perder duas vezes no passado? Talvez não, talvez seja melhor guardar as lágrimas para as músicas, talvez seja melhor recordar acompanhado, seguro, envolto em poesia.

Quem dentre vós e capaz de ignorar o chamado do mundo e buscar por si? Nesse tempo revolto vivemos buscas intermináveis. E para os que têm sede, buscar sempre é preciso... Quem pode negar que às vezes um grande erro é o ponto de partida para grandes acertos? Sorte de quem que se questiona e também sorte daquele que se perde, mas busca sempre se encontrar. Será a vida a guerra entre os opostos? Afinal, não há um bem sem mal, começo sem fim, amor sem ódio. Quem é capaz de cair e levantar, de amar e trair, de sofrer e dançar?

O melhor talvez seja não ficar parado! Todos precisam perder algo, todos precisam comprar uma busca. Afinal, nem sempre a vida é feita de chegadas, às vezes o melhor é a caminhada, quem sabe o desvio da rota.

sábado, 6 de novembro de 2010

Vida e morte, um casamento?

A cada segundo diversas células morrem em nosso organismo, somos um conjunto de tecidos, sangue e ossos em constante fase de desgaste e renovação. Vida e morte se abraçam, dançam juntas a valsa de um baile universal, não passam de duas amantes a jorrar o seu gozo no cosmos. Então será que somos o fruto de um estalo gigante, somos apenas poeira de estrelas? Não sei, porém parece impossível conceber à vida sem antes considerar a morte, então por que a evitamos, qual é a razão para tanta negligência? Considerando a limitada consciência humana, ignorando às leis do universo... Qual é o sentido de um começo sem fim? É preciso zelar pela morte, afinal é ela que dá motivação para o homem buscar um signficado para a vida. É preciso fechar os olhos para o medo! Já, que como conta a história maiores foram os homens que se lancaram nos abismos sem fundo recusando o medo. Será que na realidade não existe medo da morte, apenas medo de viver?

O ciclo vida e morte se faz presente nas situações mais corriqueiras, entrelaçando-se desde a magia da semente até o despencar da folha. A vida está no nascimento e também na renovação após a decomposição da árvore, e o mais absurdo é que esse conhecimento é possuído por todos que nada aprendem com a morte

Talvez a melhor forma de aceitar a morte seja celebrá-la, um exemplo disso ocorria num antigo costume da cultura chinesa; onde os familiares organizavam uma grande festa para honrar à vida de seu ente querido falecido, quanto maior a festa maior mais o falecido era honrado. Quem sabe em breve o restante do mundo possa ter uma postura de menos temor à morte, já que mesmo ignorando posturas religiosas é possível ver na própria natureza que a morte não é fim, ela é apenas um recomeço.


domingo, 31 de outubro de 2010

Relações por interesse.


Alguém já se deparou com aquela pessoa simpática que se aproxima e faz elogios ao seu sorriso e após conseguir o que quer te lança no baú do esquecimento? São assassinos de sorrisos? Não, trata-se apenas do fato de que todas as relações humanas são baseadas no interesse! Parece absurdo, mas é a plena verdade, os seres humanos só se aproximam uns dos outros por interesse. Entretanto, nem sempre o que cobiçamos no outro é algo extremamente valioso, nem sempre o interesse é financeiro... Às vezes é apenas uma palavra, ou quem sabe o ouvido... Talvez isso não represente o ápice do egoísmo humano, mas por que abandonar a pessoa antes desejada após se extrair o objeto desejado? Essa atitude é definitivamente cruel, talvez fosse melhor dar algo em troca... Não sei. Entretanto, observo atitudes cotidianas que às vezes tomamos apenas por interesse... Como quando somos simpáticos com o atendente da padaria, puxamos conversa mesmo com pressa apenas para continuarmos sendo bem atendidos. Outra dessas atitudes clássicas é quando uma pessoa engana a outra jurando amor apenas para conseguir sexo ou usufruir bens materiais.
O filosofo alemão Nietzsche defendia que o homem não ama ninguém, não é um ser capaz de amar o outro. Segundo ele, amamos apenas as sensações que outro nos provoca. Será verdade, será que amamos apenas o bem que as pessoas podem nos dar? Não sei, espero que não. Porém, observo muitas pessoas que agem como sanguessugas, elas apenas sugam o que querem e no final abandonam o outro praticamente morto E quase sempre esses indivíduos usam dos piores artifícios para conseguirem o que querem, mentem, manipulam, representam personagens e etc. Será que todos usam máscaras? Talvez essa crônica seja um protesto contra esse tipo de pessoas, se as relações humanas são baseadas em interesses sórdidos não sei, todavia espero que não sejam baseadas na arte do furto, ou como em muitos casos arte do assalto!

sábado, 23 de outubro de 2010

O que é imperdoável?


Que espécie de arma pode ser tão letal a ponto de deixar feridas incuráveis? Será a atitude imperdoável como a cicatriz provocada por um corte de navalha? O que é de fato imperdoável? Será que realmente existe esse termo, será que o ato de conceder perdão está diretamente ligado à gravidade da falha da qual se é vítima? Questões complicadas essas, mas às vezes parece que a capacidade de perdoar é um dom, e depende apenas da nobreza de coração.
Numa rápida citação a uma religião, Jesus quando questionado em relação ao perdão disse que é preciso perdoar setenta vezes sete, ou seja, incontáveis vezes. Mas, quem de nós pode se comparar a um homem realmente puro de coração? Um homem tão puro que além de possuir a capacidade de perdoar qualquer agressão também era convicto de que todo coração infrator pode ser recuperado. Enfim, foi apenas um exemplo. Afinal, é sempre bom espelhar-se nas reais boas atitudes, independente do homem que as toma.
Será necessário um pedido de perdão para que o perdão seja concedido? Será que o ato de não perdoar é algo nocivo ao coração, já que normalmente este ato se torna um alimento para as mágoas? Será preciso após o perdão reatar o mesmo vinculo de antes com aquele que perdoamos? Parece-me que um grande empecilho para o ato de perdoar é a dúvida... “Será que voltarei a sofrer com o mesmo erro dessa pessoa?”. Bem, talvez só seja possível perdoar e em seguida reatar os laços com a pessoa caso essa se demonstre arrependida. Bem, caro leitor, independente da forma de perdoa que se pode oferecer àquele que nos fere, perdoe... Perdoe para ficar em paz consigo mesmo! Perdoe para que o mundo se torne um lugar mais leve, um lugar diferente desse antro de mágoas que vemos hoje.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carrasco do eu!


"Life won't wait for you, my friend".
Life won,t wait / Ozzy Osbourne/ video

Tradução da letra Life won´t wait ( A vida não vai esperar ) e audio.

Quem é aquele que executa a cruel sentença, aquele que nos apresenta a sola dos nossos pés? Diante dele tudo é azedo e toda tarde é sempre madrugada, é sempre tudo distorção, desespero e falta de ar. Quem é aquele que nos algema e nos dá o tratamento digno do pior assassino? Diante do espelho, esbarramos com ele e o nomeamos reflexo! Sim, geralmente o eu é o pior carrasco do eu, somos os nossos piores inimigos e possuímos o péssimo hábito de podarmos os nossos planos como se fossemos uma árvore. Evidente que fatores (problemas) externos precisam ser levados em conta, mas não será uma escolha própria a intensidade com que se deve se abater com eles?
Carrascos do eu são as palavras ditas, a reclamação cotidiana, a preferência por pensamentos pessimistas, ou talvez seja melhor dizer no cultivo de pensamentos pessimistas?  Afinal, por que não afastá-los quando eles vêm à mente? Será realmente necessário cultivá-los, será saudável? Creio que não! Carrascos do eu são o medo do erro e também a falta de tentativa, já que o perdedor não é somente aquele que falha, mas também aquele que desiste. Palavras tolas essas? Sabedoria popular, talvez sim... Porém é importante ressaltar que nada do que possa ser dito aqui será um “lugar comum” tão idiota como o velho potencial humano de se auto flagelar. E por que fazemos isso?
São inúmeras as razões para alimentarmos o carrasco do eu, talvez façamos isso por reconhecê-lo como maior e mais forte, talvez seja somente pelo fato de estarmos acuados demais. Mas, é possível estar fraco e ao mesmo tempo ser forte para se auto sentenciar? Fato paradoxal esse, não? Bem, às vezes eu sou um carrasco de mim... Quem não assume essa postura às vezes? Mas, eu cansei de ser, me reconheço melhor e vejo que já passou o tempo de me punir. Talvez a única forma de exterminar o carrasco do eu seja se reconhecendo melhor, tarefa complicada para quem está dentro de uma crise. Entretanto, não podemos virar reféns de nós mesmos, por maiores que sejam as culpas, mesmo que sejam imensos os empecilhos, mesmo que o medo seja como um vendaval. Não é bom abandonar-se. Não é bom aceitar a cegueira do desespero, não é bom estar cego no ápice da guerra. É preciso vencer a batalha!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Estrada do tempo.


“O que espero da vida, o que quero na minha vida? Bom tempo, muito tempo”.

“O tempo não para, não para não, não para”.


Tempo... Faminto, caro, desnutrido, vago, atleta, paraplégico!... De inúmeras formas nos aborrece o desenrolar do tempo, às vezes ele é pleno e se esvai tão depressa em nossas mãos que chega a ser cruel... Sem dizer adeus, um instante e já foi, ficam apenas as lembranças. É, quem sabe são elas... Talvez as boas lembranças sejam um pedido de desculpas do tempo! Já, em outras vezes o tempo é simplesmente carrasco, nos coloca a aguardar em uma dessas salas de espera da vida e passa lento demais, trôpego. Que mensagem quer ele passar nesses momentos, será que há alguma a ser transmitida?
Tempo, quanto tempo? Essa é apenas mais uma das questões que esse enigmático senhor nos oferece. Pois é, não sabemos. E o pequeno grupo que sabe (doentes em fase terminal e etc) não parece lidar bem com essa questão. Mas, já que sequer sabemos quanto tempo temos, qual é a melhor maneira de viver o agora? O tempo é realmente enigmático, um andarilho numa estrada sem fim, um mensageiro sempre a nos alertar que tudo perece. Sim, tudo se finda, as casas que construímos um dia encontram a ruína, as roupas as traças, os romances o término, as amizades o desvio dos rumos... Tudo se finda! A cada dia caminhamos para a inevitável morte, a cada célula que morre, a cada mágoa retida.
O tempo é um rei petulante e de atitudes estranhas, por que decide passar depressa enquanto nos divertimos e devagar quando nos sentimos entrevados? Que ensinamento sobre a vida  alguém pode passar com uma atitude dessas? O tempo é um mar de infinitas águas, é uma linha reta, um aliado de Deus... O tempo não tem piedade, nem mesmo confirma se a vida é eterna. O que quer de nós o tempo? Que deixemos um legado nessa terra? Mas, de que servem as heranças se o tempo as corrói? De que servem as boas mensagens se o tempo as apaga lentamente da lousa da vida. O tempo é soberano, é sobrenatural... Será o nosso tempo o mesmo tempo de Deus? Não sei, parece tudo mesmo um jogo, onde o melhor a se fazer é desafiar o tempo e se tornar imortal. Então caro leitor, boa sorte com o jogo e muito bom tempo para todos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Depressão

Link com informações úteis sobre depressão.

"E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte".

O amargo do café não é nada mais do que amargo, mas e quando a apatia impede que o indivíduo torne a se levantar para buscar o açúcar? As paredes do quarto nem são muralhas intransponíveis, todavia as pernas só reclamam a falta de força. A solidão nem é o melhor refúgio, trata-se apenas de um local mais escuro, e mesmo assim é grande a sede por isolamento. Já a mente, essa sim pode ser considerada uma sobrevivente e mesmo assim alterna entre momentos de resistência e completa inércia, mais uma vez apatia! Quem é ela, qual o nome dela? Diga-me alguém porque não a deixamos se nem mesmo estamos apaixonados!  Chama-se depressão...Especialista através de suas avaliações a nomeiam de diversos outros modos, distimia quando é crônica e persiste sorrateira por vários anos, depressão maior, depressão atípica... São tantos que até se perde a motivação de conhecer mais sobre a indesejável!
A depressão é uma doença, mas ainda é vista por muitos como apenas um sinônimo de tristeza. Porém, embora corrosiva ainda se faz suave por abandonar o triste mais depressa. Parece-me que a solidão é mais sábia e age como um experiente demônio apresentado-nos sempre à culpa, ao somatório das perdas, aos pensamentos de suicídio... Mostra-nos sempre a pior face da moeda.
Depressão após diagnósticada tem cura... Frascos e frascos de comprimidos? Talvez um bom tratamento psicológico. Para alguns sim, já para outros os antidepressivos e os calmantes já não fazem mais efeito. Esses caminham para novas fases, cada vez mais encontram apenas valas maiores para lavar a alma... É o auto flagelo, são os cortes pelo corpo feitos na tentativa de encontrar transferência para as angústias da alma, que de já tão “dopada” nem sabe se sente. Já, nem mesmo reconhece a si com clareza. Será que o tempo torna das pessoas apenas reflexos de suas chagas? Será que a luz no fim do túnel se torna mais distante devido ao abandono pessoal, ou será o abandono pessoal uma característica da nossa sociedade? Sei apenas que é difícil lutar e tomar decisões importantes quando encontramo-nos cansados e confusos. Afinal, de quem é a culpa, nossa, do passado cruel, da genética, dos rumos da humanidade?  Não sei, e infelizmente os números apontam para um futuro onde grande parte da população estará deprimida. Caro leito, pergunte-se apenas porque estamos caminhando para isso. Até logo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ritos de passagem.


" Medo de voltar para casa, medo de sair de casa e encontrar tudo no mesmo lugar".

Crianças correm sem “pressa”, elas correm apenas pelo êxtase de usufruir as novas sensações, adrenalina e velocidade. Que tempo sagrado, sem tantas distinções entre algodão doce, céu e mar. Sim, já fui menino...Ah, faz tempo, melhor dizendo... Já fui moleque, tímido, esperto, travesso... Fazia de árvores robôs, metido a inventor construía imensas naves espaciais e seguia viagem. A infância é mesmo um parque, um divertido e desprotegido parque, lugar santo que carece de cuidados.
 Porém, em dado momento o combustível da nave acaba e caímos num estranho mundo novo, mundo de possibilidades, um obscuro mundo, repleto de ansiedade e medo. Bem vindo, à adolescência! Destaque-se e tenha coragem, diferencie-se, está é a terra dos combates, da busca por espaço no mundo. Mas, para que tanta guerra se um pouco mais tarde descobre-se que o “diferente” também é ser “normal”. Mas, isso é reflexão futura! Ah, o primeiro beijo, o primeiro toque, mesmo que seja imagético que seja mais uma varredura de olhares do que um toque. Nessa fase menos lúdica, alguns são levados por revoltas outros por reflexões. Até que revolta e reflexão enchem o saco. Mas, isso é reflexão futura rs! Cabem mais a essa fase as perguntas internas. Será que serei aceito? O que farei no futuro? Que coisa injusta, confiar o futuro nas mãos de um indivíduo em fase tempestuosa. Mas, até mesmo as tempestades se acalmam, ou ao menos mudam com os ventos...
Bem vindo à juventude! Confesso que está ficando complicado prosseguir com o tema. Talvez seja melhor eu me esconder? Manter o texto mais na 3° pessoa, rs? Foda-se, às vezes ainda sinto-me um adolescente, embora não precise mais de tanta auto afirmação. Embora já me sinta um pouco mais lento para determinadas caçadas. Mas, ao mesmo tempo sinto-me atrasado para outras. Juventude... Merda de fase de promessas, de expectativas, ânsia por um tempo bom. O tempo vai ficando curto e a pessoa deve se perguntar menos, ela deve se decidir mais rápido. Não há tempo para indagações, é preciso agir!
Agora, salta na minha cabeça o medo da morte, será que isso deve ser reflexão futura? Agora me cobro de deixar sementes, e por isso me apresso... Corro com as atitudes e com as palavras! Outro dia eu sonhei com a infância, foi tão injusto... Que sonho perfeito, puro e desonesto com o momento atual, rs. Também ainda me sinto criança, acho que todo menino é meio poeta. Eu ainda construo minhas naves...  Estou menos temeroso que um adolescente, mas ainda me falta à sabedoria de um idoso. Desculpe-me leitor, tenho vinte e cinco anos e por basear meus relatos em experiências vividas não irei prosseguir a partir daqui. Que venham as viagens futuras!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Solidão


“Viver é bom, nas curvas da estrada, solidão que nada”.

“As cortinas transparentes não revelam o que é solitude, o que é solidão...”.

“Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me caí bem”.
 
É sempre ela, indesejável, a bater periodicamente na porta. É sempre ela que invade as noites e sussurra pensamentos insanos nos ouvidos frágeis, engrandece nossos receios, exalta o que somos e a seguir nos lança em abismos intermináveis. Nos apresenta os vales do eu, caminhos ocultos da mente, espinhos em formato de amarguras do passado, raízes de medo que nos negam o futuro. Quem já não esteve sozinho, talvez até mesmo desamparado? A solidão é mais uma dessas palavras que dispensa consultas ao dicionário, estar sozinho é sentir-se só... É estar isolado da presença dos outros, mas ao mesmo tempo é estar ilhado em meio aos outros. Essa dualidade seria cômica se não fosse trágica... Sim, trágica, porque a solidão nos devora lentamente. Ela é tão cruel como uma esposa maldita, capaz de dormir conosco, acordar conosco e presenciar nossos mais frágeis momentos sem a menor piedade. Contudo, será possível estar sozinho é sentir-se pleno?  Bem, esse estado tem nome e chama-se solitude. Representa estar sozinho, mas sentir-se em paz, ou num instante de reflexão pura, sem dor. Mas, como alcançar esse estágio, melhor como vivê-lo com mais frequência em um mundo em que desamparar se tornou moda?
 Caro leitor, eu que falo tanto às vezes sinto-me pesado por trazer mais perguntas que respostas, mas talvez as verdades inteiras nem existam mesmo. A sua provavelmente pode não ser a minha. Escrevo porque me sinto só, o mundo é um mar de gente, um mar de águas turvas e estou ilhado. Isolado tentando enviar correspondências, tentando entender o porque sinto tanto frio e fome. Talvez eu seja diferente e por isso não me dão espaço, afinal, recusam tantas coisas, tantos fatos claros... Bem, pulando fora das minhas metáforas tenho uns amigos e sou grato por tê-los, mas também estão ilhados, estão taciturnos e ao contrário do poema de Drummond (Link poema Mãos dadas) já não nutrem grandes esperanças. São persistentes, mas estão cansados.
 Como vencer a solidão, como sair da ilha? O que representa a sua ilha? Voltando a questão das respostas, essas somente vocês podem encontrar, caros leitores. As minhas rs... Sou apenas um filósofo louco, sem teses e nem métodos...Minha mente é uma quebra cabeça de verdades, são tantas peças. Tantas “verdades” que se opõem, que fica difícil me achar... Estou sozinho, em relação ao amor se possuo alvos, já perdi os dardos. Estou sozinho, sozinho enlouqueço, sozinho produzo minhas jóias raras. Então, talvez a solitude não seja um estágio tão complicado de se alcançar. Boa sorte a todos, desejo que ao lerem este texto ao menos se sintam menos sozinhos.
Tradução La solitudine e audio.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Paciência


“A gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência”.

“Será que o trem é que passou, ou passou quem fica na estação?”.

Será que somos uma estação sempre a espera de um trem? Talvez a vida seja uma estação lotada e os usuários dela sejam as pessoas que nos envolvemos e partem a seguir, ou pegam o mesmo trem conosco e nos acompanham por parte do trajeto. A espera pelo trem também se assemelha à ânsia que todos possuem pela realização dos seus desejos. Mas, a vida é tão arteira que pode acompanhar, furtiva, cada detalhe não mencionado na metáfora acima. Às vezes é o trem que se atrasa e ficamos impacientes com a espera, às vezes somos nós que nos atrasamos e perdemos o trem, então ficamos estressados com o nosso desleixo e começamos a nos martirizar. E se fosse um ônibus? Certamente, discutiríamos com o motorista, o culparíamos por não ter percebido a freada do carro à frente, ou culparíamos o governo pela falta de políticas públicas para redução de engarrafamentos.
Da janela da condução as árvores correm, mas estão sempre paradas, pacientemente, cumprindo o seu dever. Danem-se as leis e considerações da física...Por que não temos a mesma paciência que as árvores? Sei que este é apenas um comparativo absurdo e impossível, afinal, o mundo nos manda correr. Mesmo assim invejo a árvore por morrer de pé! Mas, que maldito mundo é esse que nos manda correr? O que ele de fato quer de nós? Será justo o que preço que ele cobra? O mundo está sempre nos colocando a ajustar os nossos despertadores (despertadores que compramos com dinheiro, dinheiro que recebemos em troca da doação do nosso tempo de vida) para não perdemos o trem? E no dia em que o despertador quebra e perdermos o trem...Será que o mundo nos oferecerá um julgamento honesto? Quase sempre não, a maioria dos julgamentos que vejo se baseia no $ e tempo é $.
Tantas palavras, após tantas dores compartilhadas...Como ter paciência? Será uma questão de meditação, autocontrole? Não sei, faz algum tempo que estou parado numa mesma estação, desejando o que tempo não muda e o que o vento não leva. Detesto ser estação, queria mesmo ser a paisagem que corre vista da janela da condução. Mas, é preciso ter paciência, crescer e se acostumar com as perdas, com as coisas que nos impõem. É preciso crer no amanhã. É preciso ter paciência, afinal, a vida é tão rara!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O poder de pensar, riqueza ou maldição?

 
São seres intocáveis, ao menos até que alguém os pronuncie, alguns dizem que neles está o poder da transformação. Após muito pensar Albert Einstein desenvolveu as bases teóricas para a bomba atômica...Creio que seja de conhecimento de todos para o que ela foi utilizada! Em meio a inúmeros debates e “exaustivas” reuniões os políticos decidem o rumo do nosso país, me parecem homens instruídos, hábeis na arte de pensar. E como estamos? O que pensava Deus quando fez o homem? Não sei, neste momento penso, apenas penso e vejo que sou um ser ainda repleto de dúvidas. Com certeza, preciso me aprimorar nesta arte de pensar. Mas, será que o caminho para o desvendar de todas as respostas está na arte de pensar? Bem, é claro que não prego a ignorância, pois creio que o fato de pensarmos é o que nos diferencia dos animais. Também noto que em alguns momentos o ser humano consegue ser mais nocivo do que muitos animais. Pergunto-me, onde estão os nossos bons sentimentos? Em que casa residem os bons pensamentos? Talvez morem longe, ou quem sabe estejam afastados demais uns dos outros, do contrário à força do pensamento se converteria sempre em acumulo de riqueza.
Bem, melhor eu não seguir tão pessimista. Sei lá, afinal, inventamos a roda, o telefone, o avião... Aprendemos a reduzir distâncias. Nesse instante mesmo, alguém deve estar se empenhando para descobrir a cura para alguma doença. Talvez alguém até esteja orando por nós, sim por nós, por TODOS NÓS...
                                                                                


O poder de pensar, riqueza ou maldição? Realmente, essa não é uma pergunta difícil. Depende de quem pensa, depende do que se planeja. Mas, às vezes planejamos o melhor e alguém subverte para nós depois, certamente, Santos Dumont só queria encurtar distâncias ou sentir o frescor dos ventos. Porém, a sua invenção foi utilizada como máquina de guerra e isso o fez suicidar-se. Engraçado, né? Devido a casos como esses é que penso que essa questão não é tão simples. Pensar é uma arte que nos conduz a diversos avanços, mas ao mesmo tempo a alguns retrocessos, pensar é uma arte tão complexa que às vezes os que não conseguem dominá-la bem acabam loucos. Tornam-se excelentes filósofos loucos rs! Mas, quem é normal? O que é certo? O que é o bem, o que é o mal? O que pensava Deus quando nos criou? Quem é Deus? Essas respostas eu deixo para vocês, leitores rs. Boa sorte na arte de pensar e cuidado!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Guerra, war, La guerre...


“O pensamento é a guerra, a guerra civil do ser”.

" Pra que exportar comida se as armas dão mais lucro na exportação"?

“Uma guerra sempre avança a tecnologia, sendo guerra santa, quente, morna ou fria”.

Guerra, não conheço esta palavra em muitos idiomas, contudo parece que é dispensável citá-la  em mais línguas a procura  de outras definições, já que creio que ela possui uma total ausência de explicação. Seja qual for a sua motivação, religiosa, intolerância étnica, busca pelo poder e etc. Uma guerra apenas gera sofrimento, destrói famílias e macula os corações daqueles que não a desejam. Através de uma pesquisa que realizei descobri que a Primeira Guerra Mundial matou 10 milhões de pessoas. A Segunda Guerra, mais 50 milhões. A Guerra Fria, outros 20 milhões. Para mim, esta é uma triste contabilidade, Não bastam às medalhas! Será que uma guerra forma mesmo heróis? Será que a incompreensão e os interesses políticos podem ficar acima das vidas humanas? Quanto vale uma vida? Nós seres humanos somos a única espécie que é capaz de tirar a vida de um semelhante sem justificativas plausíveis, “o homem é o lobo do homem”. Até se levarmos em conta o caso dos animais veremos que eles apenas matam por uma questão de sobrevivência, auto sustento e auto defesa.
Recentemente em 2003, os EUA e o Reino unido invadiram o Iraque com a justificativa de acabar com as supostas amas químicas que jamais foram encontradas pelas forças de ocupação. Outra justificativa foi a suposta ligação de Saddam com grupos terroristas, outra alegação que jamais foi comprovada. Certamente, a única justificativa era a busca por acumulo de poder através do roubo dos recursos naturais iraquianos (petróleo). E será que essa motivação é suficiente para justificar as mortes dos soldados envolvidos?
Na guerra da independência de Angola (1961- 1974) houve uma revolução na qual as forças armadas portuguesas lutaram contra vários grupos independentitas angolanos. Após essa luta, iniciou-se uma guerra civil que durou até 2002, como resultado desse conflito ainda hoje há uma média de uma mina terrestre para cada habitante do país.  Devido a isso na Angola  até hoje se registra um alto número de mutilamentos. Será esse o legado que a guerra tem para deixar?
O fato é que parece que não aprendemos nada com a história, as guerras sempre existiram e continuam soltas alastrando o seu rastro de destruição, contaminando o que deveria ser uma terra de paz para as gerações futuras. Será que o ato de guerrear é uma aptidão inerente ao ser humano? Não sei. O que sei é que paz é uma utopia distante, já que continuamos a guerrear, seguimos inventando novos tipos de guerra, guerras, civis, guerras psicológicas, guerras do eu. Quem dentro vós se considera em paz, livre dos tormentos causados pelo egoísmo humano e pela falta de compreensão? Estamos todos em guerra, em guerra contra um capitalismo desumano, em guerra contra os nossos vícios, em guerra contra os fantasmas do nosso passado. E por que vivemos sempre em guerra, será uma estratégia de defesa ou falta de amor? Sinceramente eu não sei, afinal, também estou em guerra e estou tão cansado dos golpes que recebo e das mazelas que vejo por aí. Estou sempre caindo, mas me resta ainda sopro de luz.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A arte de dizer não.

“Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.

“A hora do sim, é um descuido do não”.

Palavras são chaves, estradas que conduzem o homem a caminhos de redenção ou devastação. Por isso ao dizê-las, no instante em que o ar vibra as cordas vocais e torna-se mágica, é preciso cuidado! Será o sim um descuido do não? Às vezes sim, já que muitas vezes é comum se desviar da própria vontade apenas para satisfação alheia. Afinal, leitores, quem dentre vós já ficou um pouco mais querendo ir embora? Por diversas vezes, emprestamos o melhor de nós apenas por não possuirmos talento para recusar. Entretanto, a cada sim sem vontade que dizemos para alguém estamos recusando a nós mesmos! Agindo dessa forma nos tornamos nossos próprios carrascos...Que doença é essa que faz alguém preferir jogar-se numa prisão apenas para ceder as escolhas do outro?
Deixo expresso que o intuito deste texto não é estimular um individualismo cego, já que também creio na doação como uma outra forma de arte. Mas, tratando-se de arte bom entendedor é aquele que sabe interpretar as intenções. É impossível ser feliz sozinho, sem reconhecer à dádiva da doação, mas ao mesmo tempo é impossível ser feliz negaceando sempre a si mesmo. Então cabe ao homem colocar os pesos na balança.
Quando se trata de mim, estou sempre a me policiar em relação a esse assunto. Às vezes entendo que o melhor é esperar o outro, ficar um pouco mais e ouvir. Mas, não quero que o meu sim seja sempre um descuido, não quero estar em segundo plano. Afinal, parte do conceito de ser livre é ter as rédeas das suas próprias decisões e fazer o seu caminho, seja ele de terra, asfalto quente, ou até mesmo repleto de espinhos.

Nota do autor

Um agradecimento especial a uma colega virtual, por ter sugerido o tema e ter me ajudado na escolha da imagem. Vlw, Rose.

domingo, 5 de setembro de 2010

No salto alto (convenções)!



“Você não sabe a arte de saber andar nem de salto alto e nem de escada rolante”

“Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada”.




 Será que é sempre necessário abrir o riso para a foto? Será preciso desejar bom dia sem ter essa vontade impressa no coração?  Parece até que nos comprometemos com essas situações mesmo quando realizá-las nos compromete rs, contraria a nossa vontade. Um exemplo simples disso é: a velha mania dos cariocas de ao reencontrar um estranho “conhecido” trocar um breve papo e dizer _ “Passa lá em casa”. Dizem isso sem ansiar pelo reencontro. Será essa atitude um eufemismo para o Adeus? Será que os que possuem esse comportamento se aliviam do peso de dizer adeus?...  _ “Vá viver a sua vida, até jamais”.
Tão claro como a escassa água límpida é que falo sobre convenções, essas normas que nos habituamos a seguir muitas vezes sem questionamento prévio. Não seria exagero dizer que quase todos os comportamentos humanos estão relacionados a ela. Até mesmo a digníssima moral, prezadas por muitos como se fosse uma especiaria da virtude, é regida pela famosa convenção. A convenção se esconde atrás de muitos valores, é um mal necessário, um pilar das civilizações? Uma merda total travestida de bom senso?  Sei lá, mas sei que ela rege muitos valores como: justiça, amor, piedade, temor a Deus...Tudo que conhecemos pode ser classificado como um conjunto de normas “legalizadas” pela sociedade.
E então, quem é você leitor? Talvez alguém que precisa de uma calça nova porque assim disse a mídia! Quem sabe alguém que apesar de acordar mal humorado faz questão de cumprimentar todos os falsos vizinhos.

Nota do autor
Um agradecimento especial ao meu primo, leitor e colaborador com a divulgação do blog e até mesmo a sugestão desta temática. Valeu, Nicolas.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Liberdade?




 Liberdade, palavra que dispensa consultas ao dicionário. É simples dizer que o ato de ser livre representa tomar as suas próprias escolhas, seguir o caminho escolhido. Mas, como podemos falar em liberdade se independente de escolhas, cultura, já nascemos presos a algum sistema. Somos programados de acordo com a educação que recebemos, em alguma culturas é preciso manter a honra, em outras ser um homem de negócios. Na verdade, nascemos programados para sermos colecionadores de troféus, troféus que nos façam grandes diante dos nossos iguais.
 Diante de uma reflexão mais profunda, o que é a liberdade? Será o ato de poder tomar as suas próprias decisões e arcar com as conseqüências? A verdade é que não conheço nenhuma espécie de liberdade! Talvez ela parta da noção de certo e errado, noção essa que varia de acordo com a cultura  em que o individuo está inserido.
Ter asas, ser realmente livre é uma questão que não engloba a todos os seres. Tratando-se de religião, praticamente todas as que conheço oferecem alguma espécie de paraíso caso o praticante siga as regras, do contrário ele está destinado ao inferno ou a alguma espécie de redenção penosa pós-morte. Então o que significa ser livre? Como é possível ser livre com tantos regulamentos oprimindo o homem? Será que existe a liberdade? Acho que não, no final tudo se resume a faça o que eles querem ou condene-se!
Queria eu poder tomar as minhas próprias escolhas sem ser condenado por elas, no meu caso nem se trata de escolhas tão drásticas, eu só queria poder viver, tirar o meu sustento através das minhas paixões e amadurecer para reconhecer a melhor forma de amar, a melhor forma de fazer o bem (segundo o meu critério).

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Música, (dádiva divina).


“Porque o meu canto é a minha solidão, é minha salvação”.

“Por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar”.

Força estranha, talvez esta seja a melhor forma de definir está dádiva que é a música? Até mesmo a bíblia nos dá a certeza de que ela estará presente no céu! Hoje, me peguei fascinado, dominado pelos seus mistérios. Que força é essa que como uma dama sedutora nos convida para sair? Que força estranha é essa que através dos fones nos embala, no trânsito, e nos transporta de uma viagem estressante para o que realmente uma viagem deveria ser, um passeio por diversos reinos, uma contemplação de diversas realidades, um panorama dos subúrbios dos sentimentos.
Que mistérios residem nesse emaranhado de notas que a constitui? Que poder a faz levantar aqueles que há tempos estavam desanimados? Por outro lado, que magia é essa que faz emergir a podridão de amargas lembranças? Será ela uma espécie de droga, ou, quem sabe uma centelha divina contida em nossos espíritos? Não sei, mas creio que talvez até seja as duas coisas. Pois, há muito tempo ela está comigo e isto sempre foi algo mágico e espantoso. É espantoso quando vejo histórias minhas serem narradas pela voz de outra pessoa! É espantoso acreditar que sem ela eu não teria metade da voz que tenho hoje, metade da consciência de vida.
Quem é ela? Creio que a mais fiel amante de um homem, pois está sempre disposta a acariciá-lo nos momentos difíceis. Com ela faço as minhas melhores orações, explano no frio do quarto as dores de amores perdidos. Com a ajuda dela reconheço as mazelas do mundo, me torno ator, compro passagens com escalas diretas para qualquer mundo, qualquer realidade.

sábado, 28 de agosto de 2010

Desprezados




“O poeta é um destinado do sofrimento. Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza”.

“Sou completamente louco, mas um louco consciente”.

“Eu gosto dos que tem fome, dos que morrem de vontade, dos que secam desejo, dos que ardem”.

Libertos do mundo, vilipendiados, doentes, repudiados. Porquê será que a sociedade rejeita tantos os loucos? Será que é devido ao medo de serem eles os portadores da verdade? Galileu foi chamado de louco, entretanto, estava certo. Einstein foi chamado de louco, todos os grandes nomes desta terra foram chamados de loucos. E mesmo após tantas confirmações a respeito de uma insanidade construtiva a sociedade continua a desprezar o diferente. Fato é que todos os grandes pensadores são homens à frente de seu tempo, talvez por isso seja difícil cobrar que a sociedade os entenda.
Porém, está máquina de intrigas que é a sociedade não rejeita apenas os classificados como loucos, rejeita também os seus enfermos, os portadores de necessidades especiais e etc. Parece que é preferível ignorar a dor dos que sofrem e buscar distração em qualquer coisa, ignoramos as doenças, a morte e etc. Mas, mesmo assim ele um dia chegará para todos. Já notaram que as arquibancadas dos estádios de futebol estão sempre cheias, fazem filas quilométricas para comprar os ingressos, mas não existem essas mesmas filas para se prestar algum serviço comunitário. Muitos chegam até a deixar os seus entes queridos sem visitas em um leito de hospital, mas talvez essas mesmas pessoas não esqueçam de assistir a um jogo da final!
A verdade é que vamos acostumando, vamos acostumando a ver os jovens talentos se apagarem por falta de investimento. Afinal, já há tantos jovens deslocados! Que diferença faria um a mais ou menos? É sempre melhor julgar um promissor talento como louco, doente. É sempre melhor crer que o jovem malabarista do sinal não passa de um pivete.
Sim, eu sou mais um louco, uma alma carente que não encontrou o seu espaço. Sou apenas um jovem escritor, pobre poeta que precisa se acostumar a ver a sua arte tornar-se sinônimo de vagabundagem. Sou apenas mais um ignorado entre tantos, e quem sabe eu esteja realmente ficando doente. Tudo bem, “sou meio triste e acho graça, tem tanta gente triste que disfarça”. Que chato, só não queria ver meus versos se perderem tão tristes!

 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Necessidades ou vícios?



“Preciso de oxigênio, preciso ter amigos, preciso de dinheiro, preciso de carinho”.

“Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor”.

Com certeza entre vocês alguém já parou para pensar no limite existente entre necessidade e vício. Afinal, qual é o indicador que nos alerta quais são as coisas que realmente necessitamos fazer e quais são aquelas que nos viciamos a fazer? Seria simples tirar como base para esta questão as necessidades vitais do ser humano, beber água, comer, ir ao banheiro, amar...Porém, até a satisfação dessas necessidades envolve outros fatores; como trabalho, estresse decorrente do trabalho, sorte no jogo do amor e etc.

Para alguns uma cerveja após o trabalho faz-se necessária para aliviar o estresse, já outros bebem para aliviar o sofrimento de não possuir um emprego ou um amor. Mas, a pergunta é até que ponto um hábito como esse pode ser classificado como necessidade, quando se torna um vício? Creio que a resposta não reside na natureza do hábito e nem na sua motivação, mas sim no limite em que ele deixa de ser benéfico para tornar-se destrutivo.

Assunto complicado esse, tão complicado que até para mim é árdua a tarefa de identificar esse limite. Economizando palavras posso dizer que me identifico muito com a primeira citação presente nesta crônica, um trecho da letra meninos e meninas, composta pela Legião urbana. Porém, até mesmo nestas necessidades mais simples me questiono. Será que apenas necessito dessas coisas ou estou viciado nelas. Talvez eu seja um viciado em afeto, em dinheiro...Não quero avaliar isto! A verdade é que sou um ser cheio de necessidades comuns e com alguns vícios que me aliviam o estresse. Preciso escrever, preciso de uma cerveja, amar, arrumar o quarto. Não consigo ver, claramente, a diferença entre essas atividades, no entanto elas me fazem bem, me mantém vivo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A violência do amor.



“Falamos juntos o que não devia nunca ser dito por ninguém”.

“Você empresta e cobra mais tarde com juros, você chora e fede como todo mundo”.

Creio que ao menos um de vocês já deve ter notado que por praxe ou (esperança) iniciamos sempre um relacionamento com as melhores intenções, entregamos ao outro o melhor de nós, talvez até ocultando um pouco a nossa face negra. E ao decorrer da relação, geralmente, nos esforçamos para mantê-la, superando as piores adversidades exercitamos nossa compreensão e às vezes fingimos até descobrir o perdão. Sendo assim, o que motiva as palavras tão duras ditas ao término de uma relação? O que justifica essa violência do amor? Não sei, isso tudo apenas me conduz a pensar que se for o amor um presente divino, essa reação violenta que durante as brigas e principalmente após o término se revela só pode ser o um indício do nosso primitivo anseio bestial. Sim, são nesses momentos que regredimos ao estado de feras, é quando nos arrependemos de tanta entrega, é quando o mais importante deixa de ser a história vivida e passa a ser somente sair com o ego bem nutrido. Somos feras competitivas!

Bem, eu mesmo posso dizer que já recebi alguns tapas na cara, “paguei as minhas dividas, tive a minha parte de terra chutado no rosto”. Porém, não deixo de tentar me libertar dessa herança animal e procuro sempre não me iludir com a falsa sensação de vitória que traz essa competição. Penso que todos sabemos vencer, então se faz necessário apenas aprender a perder também. A cada dia torna-se mais claro para mim que não existe vitória diante da humilhação alheia. Mas, ao mesmo tempo confesso ser incomodo ser derrotado. Violência do amor, que termo estranho! Pois é, é preciso calma!