segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Um estalar dos ossos.


Tênue como o encerrar de um dia, numa leve mudança dos ventos, o anúncio voraz de um vírus alojado. Pois é, já bastava o assombro do salto do ponteiro do relógio! São as contas de nossos dias sempre a pagar! É o estalar progressivo dos ossos, um leve afrouxar dos músculos... Dias e mais dias sem deleite algum na cama! O que sobra é apenas febre, pois faltam filmes, canções, aventuras e espaço! Talvez seja este o tempo ideal de fazer as perguntas certas, de colocar a vida na balança e orar por vestígios de algum equilíbrio! Mas, convalesce o copo, não é o fim... Resta ainda à alma, resta ainda um Deus!
Quantas Odisseias a história destinou aos homens que viviam seus momentos finais? Que revelações são estas que saltam da tela da vida para amansar os corações? Será o suor o fruto de uma guerra interna ou apenas um indício de febre?
Sem claridade seguimos a evitar tais questões, afinal, é preferível descer a cortina do tempo e se esconder em solidão. Contudo, há também aqueles que ao confrontarem as limitações do corpo despertam para um novo qualquer... Há quem se divirta parado, quem reduza a velocidade com o simples intuito de apreciar a paisagem. Logo, nenhuma gota torna-se disforme, nenhum aperto prossegue sem apuração, expiação! Pois, nem sempre se trata do relógio, do impulso, da falta de ar... No entanto, quase sempre mais afasta a dor do que aproxima. Talvez a dor até nos aproxime enquanto espécie, mas anulados todos os devaneios sobre solidariedade quem sabe seja apenas a simples imposição do sofrimento uma engrenagem motora a renovar os enfermos.


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